Quem sou...

É difícil dizer como você realmente é, pois nós somos "coisas" diferentes de acordo com a maneira que as pessoas nos veêm, então você, meu leitor, após ler pelo menos dois de meus posts, diga-me o que você enxerga de seu ponto de vista privilegiado, a fim de ajudar-me a saber quem eu sou.

domingo, 1 de março de 2020

Pobre desgraçado

O pobre desgraçado caiu, tardiamente, na real. Percebeu ele que está só, saiu de seu conto de fadas que nunca existiu, abriu os olhos e não mais encontrou apoio. Sua família o enxerga como um peso, mal se aguentam para o momento em que possam se livrar do pobre desgraçado e carregador da vergonha, mas obviamente de uma maneira rebuscada e sem o risco de um julgamento externo. Esse pobre, não apenas em dinheiro, mas também em experiência e agora em esperança, esperou o contato daqueles amigos que ele sempre estendeu as mãos, esse contato nunca veio; sua ausência não foi percebida e ainda é possível que essas vidas alheias estejam melhor assim, sem um pobre desgraçado, desesperançoso e mesquinho para intervir em suas liberdades. Esse desgraçado só conseguiu ver tudo isso depois de subir uma escada que ele mesmo construiu, uma escada apoiada nos sentimentos de uma outra pessoa, quando essa escada ficou grande o suficiente para que essa pessoa percebesse o peso, não era mais possível continuar construindo, sendo assim, o desgraçado caiu. Após a queda ele desmaiou por um tempo, quando acordou sentia todo o seu corpo e alma doloridos, olhou para o alto e a escada ainda estava lá; mas o que fazer agora? Devia ele tentar escalar novamente, destruir tal escada, deixá-la no mesmo lugar como um enfeite? Nem isso o desgraçado sabia mais, por isso ele esperou o conselho de alguém. Patético, ninguém percebeu que ele havia caído, assim como os moradores de rua são invisíveis aos olhos da sociedade, ele foi largado no chão.

quinta-feira, 5 de dezembro de 2019

(In)felizes Devaneios

Há um tempo me pego refletindo acerca de um tema que é recorrente na vida de todas as pessoas, seja de forma direta ou indireta; penso no que muitos filósofos se propuseram e ainda propõem discutir, entender, explicar; não tenho pretensão nenhuma de me comparar a tais estudiosos, mas sim, apresentar minha visão a respeito da felicidade.
O primeiro ponto é “O que é a felicidade?”, de modo bastante redundante podemos definir como um estado em que estamos felizes, mesmo que não tenhamos percepção de tal estado. A felicidade não é permanente, portanto já adianto que não acredito na frase felizes para sempre, essa frase pode se encaixar bem nos contos de fada como um modo simples de finalizar o conto e tirar expectativas a respeito da continuidade da vida daquele personagem por quem nos apegamos, porém, a vida não é um conto de fadas. Os sentimentos que nos trazem alegria, por menor que seja, são fontes de felicidade e podem ser “dimensionados” em diferentes intensidades; obviamente a alegria em ter comprado aquele item que sempre sonhou é diferente do que a alegria em rever alguém que tanto gosta. Então aprimorando a definição: felicidade é um estado (provisório) proveniente de sentimentos bons que nos trazem alguma satisfação.
Tendo em mente que a felicidade não é aquele pote de ouro, que uma vez alcançado não precisamos mais nos preocupar, nos deparamos com outra questão “Como ser feliz?”. A ideia principal não é ser feliz, mas estar feliz. Como dito, a felicidade é um estado e o segredo está basicamente em encontrar os sentimentos que nos trazem sentimentos bons. É recorrente ver pessoas colocando metas grandiosas como um parâmetro para felicidade (conseguir se formar, comprar uma casa, atingir a meta no trabalho etc.), e não há problema nenhum nisso. A questão principal é a caminho percorrido até a conquista (ou não) de tal objetivo, tomemos como exemplo a conclusão de um curso: o aluno se esforça tanto tentando aprender aquela disciplina, passa noites estudando para as provas, deixa de participar de eventos legais para poder fazer ou se preparar para os trabalhos, enfim, tem todo um caminho penoso até o dia da formatura ou a conclusão do semestre; obviamente aquela conquista (caso alcançada) terá um sabor delicioso e a felicidade será imensa, porém ela acabará e a pergunta que fica é: valeu a pena todo o período de não felicidade para alcançar tal estado efêmero?
Aqui faço uma proposta que pode parecer simples, mas não é tão fácil de se seguir; por que não tentamos buscar momentos de satisfação no meio das grandes conquistas que traçamos para a nossa vida? Podemos valorizar as provas que foram difíceis e nos presentear com um momento de recompensa, usar os fins de semana para ficar perto daqueles que gostamos, presentear-se com a bebida que mais gosta, ir ao show do seu artista preferido, cantar, dançar, ler, ir ao parque, ou seja, buscar pequenas doses de felicidade em atitudes simples, reduzir um pouco a preocupação com relação a algo que ainda está distante (mas sem perder o foco). Assim, o caminho até o “the big one”, aquele grande objetivo, pode ser mais leve, menos desgastante. Gosto de imaginar esses momentos na forma de gráficos (como mostrarei a seguir):


O gráfico a) mostra todo o prepara para uma grande conquista, em que as preocupações e sacrifícios se sobressaem aos momentos de satisfação, dando uma resultante de não felicidade, apesar de uma grande dose de felicidade quando o objetivo foi alcançado. O gráfico b) mostra um caminho até a grande conquista composto por alguns momentos de felicidade, que apesar de não ser tão intenso quanto à grande conquista, podem ser o suficiente para deixar a vida mais leve. Como foi dito anteriormente, não é nada fácil de se alcançar essa situação ideal, mas é uma boa ideia para tentar encarar a vida.
O que eu gostaria de deixar como reflexão são alguns pontos:
* a felicidade não é eterna;
* a felicidade não está apenas nas grandes conquistas;        
* podemos encontrar felicidade sempre, mesmo nas dificuldades ou no caminho daquilo que tanto almejamos;
* TODOS podemos estar felizes, basta encontrar aquilo que lhe traz satisfação;
Para finalizar, gostaria também de dizer que está tudo bem não se estar feliz de vez em quando, está tudo bem ficar triste com as situações difíceis, só não se esqueça que assim como a felicidade, a tristeza também é um estado temporário, em algum momento ele acaba e os momentos felizes aparecem.    



domingo, 16 de junho de 2019

Sonho Vermelho

Comecei a andar pela rua logo cedo e depois de muito tempo na vida, eu senti medo. Todos os olhos que cruzavam com o meu pareciam me julgar. Mas será que eles sabem? Será que e o que eu fiz foi tão grave assim? Acho que não, é apenas loucura da minha cabeça.
Decidi seguir em frente e focar nas tarefas a serem feitas naquele dia: "Dentro de alguns dias é o meu aniversário de namoro e certamente ela vai querer de algo especial, então depois de preencher toda aquela papelada no escritório e finalmente alcançar o horário de almoço, passo no shopping e compro um presente extra". No ano anterior à aquele levei-a à um restaurante italiano, com música romântica ao vivo, vinho e um ambiente iluminado principalmente por velas, tudo aquilo ressaltou sua beleza de uma maneira que eu não sei explicar. "Esse ano quero fazer alguma diferente, algo de autoria própria além do presente que já vou comprar", durante o pensamento arquitetei toda a surpresa que faria.
Droga! Havia fechado o plano e não tinha mais nada pra ocupar a cabeça, instantaneamente minha mente foi invadida pelas lembranças dos últimos dias: o lençol sujo de vermelho, aquele corpo branco cheio de sardas deitado de costas pra mim, cabelos ruivos, os vidros quebrados, gritos, risos, choros, música alta, uma multidão, luzes, brilhos, olhos e olhares, tudo se passando rapidamente como se fossem fotografias. Com isso mudei o caminho para o trabalho e só percebo depois de já ter passado dois quarteirões do trajeto original, isso significou dez minutos de atraso.
Já no trabalho eu sabia exatamente tudo o que deveria fazer, mas como toda a tarefa era bastante solitária, era impossível eu me concentrar e não tirar da cabeça todos os pensamentos que estavam me perseguindo, obviamente eu não consegui terminar o que deveria fazer, como consequência disso tive que continuar trabalhando durante o horário de almoço, visto que aquele trabalho deveria ser entregue até as 01:00 P.M.
Meu telefone toca, não reconheço o número; atendo e ouço aquela voz inconfundível: "Oi, tudo bem? Pode falar?". Respondi afirmativamente, meu coração acelerou de um modo inexplicável, novamente lembrei da noite anterior. "Você saiu sem se despedir, queria saber se está tudo bem. Quando podemos nos ver novamente?". Hesitei, não consegui responder prontamente, como dizer que eu amei a noite que tivemos, mas ao mesmo tempo não poderíamos repetir? Como explicar que eu amo duas pessoas, mas assinei um contrato de dedicação exclusiva? Só consegui responder "Estou bem sim, cheio de coisas pra fazer no escritório. Desculpe por sair sem falar nada, não queria acordar você. Podemos marcar algo pra semana que vem?".
Pronto, havia colocado mais lenha numa fogueira que já era grande o suficiente para ser controlada. Os detalhes daquela noite vieram à mente.
"Decidi que voltaria à cidade onde fiz graduação para participar de uma das maiores festas universitárias que existem, apenas para reencontrar com meus quatro melhores amigos e matar a saudade. Era apenas 1 hora de viagem. Nos encontramos já dentro da festa e sem muito tempo para conversa, começamos a beber, dançar e cantar. Nos encontramos com outro grupo de pessoas que nunca havíamos visto antes, mas que pareciam muito legais. Mais festa, mais bebida, mais música. Dentre o grupo novo havia um rapaz, chamado Murilo, confesso que o invejei por um tempo. Corpo musculoso, cabelo ruivo, pele clara, com certeza ele se destacaria em qualquer lugar que passasse. O jeito que ele dançava era diferente, conseguia seduzir sem usar uma palavra, ao ponto de me hipnotizar por alguns minutos. Ele percebeu, certamente percebeu. A festa estava quase acabando, Murilo pegou a minha mão e simplesmente começou a andar, eu não resisti nem por um segundo, enquanto andávamos aos tropeços percebi que seu corpo estava sujo com corante vermelho que foi jogado na festa, minha roupa também. Chegamos em algo que parecia uma república, certamente havia acontecido alguma festa lá no dia anterior, entramos e quando percebi, já estávamos nos beijando. Pela primeira vez na vida eu estava beijando um homem, confesso que gostei. O que veio depois, foi uma das melhores noites da minha vida."
Será que minha namorada iria me perdoar? Foi uma traição? Certamente foi, mas ele tem algo que ela jamais terá e ela tem algo que ele jamais terá.
Onde estou? Abro os olhos, mas não me levanto. A janela está aberta, o céu está aberto, vazio de nuvens, mas tão cheio de si, cheio de paz e calmaria. Ele transmite esse vigor por conta de sua cor, que mexe com os sentimentos do mais duro ser humano.
Agora sim, decidi levantar, fui até aquela janela e além do céu vi o mar, que também era azul. Momentaneamente senti inveja dos peixes e algas marinhas, que podem usufruir da água além de ser aquecidos pelo Sol; podem ser livres ir para onde bem entenderem sem o dever de dar satisfação de sua vida; sem medo do julgamento alheio, que servem mais para aumentar os níveis de tristeza e ansiedade que já são demasiados.
Quando me dei conta, já se havia passado mais de 30 minutos de devaneio perante uma janela; infelizmente aquela janela com grades será a mesma que verei nos próximos 15 anos, espero que quando eu sair daqui, toda a liberdade que eu almejo, possa ser aproveitada.

domingo, 13 de outubro de 2013

Uma conversa comigo mesmo.

 -Vejo coisas erradas acontecendo diante meus olhos, e eu, na humilde posição de ser humano, apenas capaz de sentir, não posso fazer nada. Afinal de contas, o sentimento não deveria ser o juiz desse jogo com o nome de vida?
 -Mas quem disse que a vida é justa?
 - Então qual é o propósito da vida? Qual é o propósito de nós?
 - Essas perguntas já foram feitas por inúmeros filósofos, sociólogos, bêbados e adolescentes, e nenhum deles foi capaz de responde-la. Em minha percepção esse é o segredo que deve ser mantido, é a regra que deixa o "jogo" divertido, é a força que mantêm o ser humano em sua posição. Talvez, se ele souber qual é o seu papel nesse teatro, simplesmente deixe de executá-lo e acabe com o que está guardado pra ele.
 -Então esse seria o destino?
 -Pode ser que exista destino, mas se for encachar nas minhas ideias, não. O destino, disseminado por muitos, seria para todos os casos, como por exemplo, dizer que um mendigo está nessa situação por conta do destino não se relaciona com o futuro da humanidade e tão pouco poderá altera o mesmo. Agora, o que pode está guardado para a humanidade eu chamaria de fim da linha.
 -O fim do mundo?
 -Não! Quem disse que o fim da linha significa fim da vida? Fim de linha pode significar muitas coisas, inclusive um recomeço. Eu acredito que um dia o ser humano parará para refletir, e verá que de nada adianta agir de modo robótico e tecnológico. O grande erro de nós é não saber onde colocar os sentimentos em nossas atitudes, e isso vai desde as ações familiares até as relações profissionais.
 -Tem previsão para o futuro?
 -Quem sou eu para fazer previsões? Eu apenas desfruto da capacidade de opinar. E em minha opinião o mundo está caminhando para um abismo, não para aqueles apocalípticos, mas para um buraco negro produzido e cavado pelo próprio homem. As guerras em troco de poder, os assassinatos em troco de luxo, as farsas em troco de submissão. Chegará o dia em que não haverá mais de quem tirar para que os ricos se mantenham no poder, e assim eles cairão, pois não sabem andar com as próprias pernas.
 -E de quem é a culpa?
 -De todos, do homem, da mulher, das crianças, minha e sua. Todos estamos vendo o fim diante dos nossos olhos, mas é mais comodo pensar em nossa vida ou no máximo, cuidar da vida do vizinho. O pensamento coletivo não existe, e a capacidade de amar ficou pequena, se restringindo, no máximo, dentro de uma família. Eu vejo pessoas na rua passando fome, mas nunca dei um pedaço de pão para um deles. Pessoas matam pessoas por terem ideologias diferentes, sendo que a única ideologia que deveria estar em pauta nas discussões, seria viver em paz. O mundo entrou em tamanho colapso, que o único remédio seria a remoção do vírus denominado Homo Sapiens.  

quarta-feira, 7 de novembro de 2012

Pombas

Cansado, em plena quarta feira, fim de aula, seis da tarde. Sento-me no banco do ponto, ao meu lado senta uma senhora com um pacote de pão. Olho, desvio o olhar, espero meu ônibus. A senhora se levanta, abre o pacote, atira migalhas ao chão. Olho, desvio o olhar, espero o meu ônibus.
Duas, três, cinco, sete pompas chegam e começam a comer, pareciam famintas, comiam como se fosse o último dia da vida delas. A senhora pega um ônibus, as pombas continuam a comer e eu já não olhava mais para os ônibus que passavam, apenas olhava as pombas, e esperava que aquelas migalhas jamais acabassem.
Pessoas passavam, não olhavam as pombas, pisavam nas migalhas, as pombas recuavam, pessoas passavam, migalhas pisadas, as pombas voltavam a comer com a mesma vontade de antes, sem nojo ou frescura, afinal de contas era comer ou morrer. Elas comeram o pão que o humano pisou, e não reclamaram, ou se ajoelharam pra rezar, apenas continuaram a comer.
Parei pra pensar: aonde está o sentimento exclusivo do ser humano, a tal chamada humanidade? A que ponto chegamos? Hoje animais dependem da boa vontade dos extintos humanos, pois o resto já se deixou levar para o lado selvagem.

quarta-feira, 22 de agosto de 2012

O que é certo?

A mentalidade do ser humano evoluiu muito no quesito preconceito. É fácil de encontrar hoje, pessoas que lutem contra o machismo, a homofobia, o racismo etc. Mas no entanto, ao mesmo tempo em que essa categoria aumenta, surge um grupo de pessoas que enxergam tudo de um modo distorcido, tentando encaixar questões simples na categoria dos "politicamente corretos". Exemplos:

  • Contei a alguns colegas de um sonho meu, onde eu tinha três filhos. O mais velho era um menino, de aparentemente uns 10 anos, o mais novo tinha uns 2 anos, era uma menina, já o do meio tinha uns 5 ou 6 anos e eu não consegui definir o sexo, talvez pelo fato de eu só visualizá-lo rapidamente. Logo que terminei de falar sai a seguinte frase: "Nossa, como o Guilherme é preconceituoso, homofóbico".
  • Ao ouvir um pedido de uma colega para que a outra cortasse o cabelo, eu intervi e falei que em minha opinião o cabelo dela era bonito grande, além de eu não gostar muito de cabelos curtos. Logo fui cortado e obrigado a ouvir a seguinte frase; "Olha só essa sociedade machista se manifestando, onde as mulheres são obrigadas a andarem com cabelos até a bunda".
Nesse dois casos eu vejo uma enorme distorção da verdadeira causa daquelas pessoas que lutam contra o preconceito. Será que eu fui preconceituoso simplesmente pelo fato de não conseguir identificar o sexo de uma criança em um SONHO? Ou fui machista ao expor o meu pensamento e o meu gosto?
Com esses casos pude detectar esse novo grupo que não sabe distinguir preconceito de um simples caso sem maldade. As acusações poderiam ser realizadas numo boa se as minhas frases fossem as seguintes:
"Não sabia se era um menino ou uma menina, perecia andrógeno. Credo" ou então "Aff, não deixe seu cabelo curto, fica parecendo homem".
É necessário uma melhor avaliação de o que é ou não preconceito, daqui a alguns dias Monteiro Lobato poderá ser novamente julgado de atos preconceituosos, pelo fato de o único deficiente no Sítio do Picapau Amarelo ser negro.